sexta-feira, 30 de abril de 2010

pomapomarola | Sexta de discos / Wado "Atlântico Negro" 2009

Desenterrando a tal da "Sexta de discos" com um excelente disco que eu conheci no fim do ano passado. Wado é um catarinense adotado por Maceió e vem se tornando artista gabaritado no meio musical após o lançamento de seus cinco discos (incluindo esse). O título do disco se refere ao conceito do sociólogo Paul Gilroy, que.diz respeito às estruturas transnacionais que deram origem a um sistema de comunicações globais marcado por trocas culturais, num complexo entrelaçamento, deixando de lado a procura da "raiz original". O conceito do sociólogo foi transferido ao trabalho de Wado através de ritmos e assuntos referentes à música criada no trânsito entre África e América, o afoxé, o funk, samba e o reggeaton.
Músicas com cara quase de axé, outras com melodia suave contrastam nesse excelente trabalho. Bem que os micareteiros poderiam ouvir isso e repensar o que ouvir daqui pra frente =)

Link: Wado - Atlântico Negro (2009)
1. Estrada (3:59)
2. Atlântico Negro (0:22)
3. Jejum / Cavaleiro de Aruanda (2:38)
4. Martelo de Ogum (3:25)
5. Cordão de Isolamento (2:58)
6. Hercílio Luz (2:59)
7. Pavão Macaco (3:30)
8. Frágil (4:01)
9. Feto / Sotaque (3:24)
10. Boa tarde, povo (3:03)
11. Rap Guerra no Iraque (2:29)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

pomapomarola | Eu só quero ouvir: Fagner - "Cavalo Ferro" (1972) Compacto Duplo



Com o lançamento do "Disco de Bolso" a imprensa começou a divulgar mais intensamente o nome de Raimundo Fagner "o cearense que já havia sido gravado por Elis Regina". O cordão umbilical incomodava, mas naquele momento era necessário. Pouco tempo depois, Raimundo Fagner foi contratado pela gravadora Philips/Phonogram, uma das grandes companhias da indústria fonográfica.
Enquanto preparava o repertório para o seu disco de estréia na Philips, decidiu participar do Festival Internacional da Canção que aconteceria em setembro de 1972. A gravadora deu total apoio, inclusive com o Departamento de Imprensa à sua inteira disposição, distribuindo para os jornais do eixo Rio-São Paulo um press-release anunciando para breve o lançamento do primeiro compacto duplo e sua participação no FIC, tudo isso em menos de um ano no Rio de Janeiro:
"Antes que o chamado 'grande público' tomasse conhecimento da existência de Fagner... Elis Regina, Ronaldo Bôscoli, Ivan Lins, Roberto Menescal, Quarteto em Cy, ‘estavam amarrados no menino'. E com o talento que levou-o a conquistar cinco prêmios em festivais universitários, em Brasília, prêmios de arranjos e interpretação, inclusive, bastava só o impulso, um empurrãozinho para ele chegar 'lá em cima' . E sentindo 'que as coisas estavam prometendo no Rio', aqui ele aportou há quase um ano, esperando dar seqüência à carreira vitoriosa iniciada em 1968, no IV Festival Cearense de Música Popular. A Philips também acreditou no compositor-cantor Fagner, tanto que deverá sair no final de 72 o seu primeiro compacto duplo. E entre as músicas nele incluídas, 'Cavalo Ferro', 'Fim do Mundo' e 'Amém, Amém', está 'Quatro Graus', música que Fagner defenderá no palco do Maracanãzinho".
O VII FIC começou a acontecer em setembro de 1972, com a perspectiva de resgatar um pouco da credibilidade perdida nos festivais anteriores. Primeiro, a Globo contatou Solano Ribeiro, produtor tarimbado dos Festivais da Record e depois formou um corpo de jurados, composto de jornalistas e músicos experientes, entre estes, Sérgio Cabral, Júlio Medaglia, César Camargo Mariano e Roberto Freire. Mas o sucesso tão esperado, não aconteceu. O VII FIC foi vencido por Maria Alcina cantando "Fio Maravilha", de Jorge Ben. Em segundo lugar ficou "Diálogo", de Baden Powell e Paulo César Pinheiro, cantada por Tobias e Cláudia Regina.
Embora descontente, Raimundo Fagner não se importou com a desclassificação de "Quatro Graus" no FIC. Ele mesmo havia dito em entrevistas que não queria ganhar e sim que as pessoas ouvissem e cantassem o seu trabalho. Sua meta naquele momento era o lançamento do seu primeiro compacto duplo.
A gravadora Philips embora não estivesse satisfeita com o resultado do FIC, lançou logo após a final do festival o compacto duplo de Raimundo Fagner com as músicas "Fim do Mundo"(Fagner e Fausto Nilo), "Cavalo Ferro" (Fagner e Ricardo Bezerra), "Quatro Graus" (Fagner e Dedé) e "Amém, Amém" (Fagner), afinal, com contrato assinado, era preciso prepará-lo para o primeiro elepê.
O compacto duplo (Philips, 1972, No. 6245.017) contou com o acompanhamento entre outros, de Ivan Lins e de Luís Cláudio. Das músicas do disco, "Cavalo Ferro" e "Quatro Graus" são as mais antigas. Foram compostas em 1970 em Fortaleza, com Raimundo Fagner já morando em Brasília. "Cavalo Ferro" saiu com uma menção honrosa do Festival de Brasília em 71 e, "Quatro Graus" foi desclassificada no VII FIC. Além de figurar no primeiro compacto duplo de Raimundo Fagner a música, "Quatro Graus" também participou de um compacto simples na época do FIC (Philips, 1972 No. 6069.057). No outro lado do disco Renato Teixeira, também participante do Festival, interpretava "O Marinheiro".

Esse texto veio junto com o arquivo compactado do disco. Gostaria muito de mencionar o autor, porém, no próprio texto não informa =/

Grande disco do Fagner inaugurando a sessão do blog "Eu só quero ouvir" destinada para compactos =)

Link: Fagner - Cavalo Ferro - Compacto duplo (1972)
1- Amém, Amém (Raimundo Fagner)
2- Fim do Mundo (Raimundo Fagner/Fausto Nilo)
3- Cavalo Ferro (Raimundo Fagner/Ricardo Bezerra)
4- Quatro Graus (Raimundo Fagner/Dedé Evangelista)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

pomapomarola | Turistando (Josh Rouse - "El Turista" 2010)

Volta e meio acontece de você conhecer algo e incorporar aquilo à sua vida de uma forma que não imagina mais seguir sem. Foi assim com Wilco recentemente e Queens of the Stone Age ou Franz Ferdinand pouco antes disso. Mas o assunto hoje é Josh Rouse (para os íntimos, Seu Josh). Desde 2008 quando, mesmo debaixo de chuva, tive o prazer de ver o show no Mada, em Natal, depois de ter ouvido algumas músicas poucas vezes, o americano de Nebraska passou a estar sempre presente nas minhas playlists. O próprio Josh divide sua carreira em duas fases: uma nos Estados Unidos, afundado no álcool, outra refugiado e limpo em um vilarejo na Espanha. Após encontrar uma musa espanhola e a música brasileira (de quem se diz grande fã) passou a entoar canções cada vez mais românticas e com influências do suíngue brasileiro.

Após o excelente Country Mouse City House de 2007, Josh Rouse lançou no comecinho desse ano (4º ano na Espanha) seu novo disco, intitulado El Turista. No título pode-se claramente notar o "espanholamento" de Josh, que inclui também algumas canções cantadas em espanhol. A faixa de abertura "Bienvenido" dá boas vindas aos ouvintes com seu belo arranjo de cordas, caindo na primeira faixa cantada, que de cara é em espanhol. "Duerme" tem um arranjo suave e muito agradável, embora o sotaque espanhol do cantor não case muito bem. "Lemon tree" (agora em inglês, como a seguinte "Sweet Elaine") tem um refrão que lembra outras canções de Josh Rouse, mas a cadência no rítmo existente ao longo da música aponta as mudanças causadas pelas novas referências. Com praticamente metade das canções cantadas em espanhol, o disco segue com o quase bolero com levada mezzo bossa, mezzo jazz "Mesie Julian". Na agitada "I will live on islands" e "Valencia" o cantor mostra como os rítmos latinos influenciaram nesse novo trabalho. O disco traz ainda uma versão para "Cotton Eye Joe", um folk popular norte-americano, regravado por artistas de diversos estilos. Com "Las voces" volta o clima latino onde os violões e percussão dominam. O disco tem seu fim na canção mais calma do disco, "Don't act tought".
Acho que dá pra dizer que esse é o disco que soa mais singular dentre a discografia de Josh Rouse. Nem alt-country como o começo da carreira, nem pop songs writer da fase seguinte. O que se tem nesse disco é um Josh Rouse experimentando outros sabores, testanto novos tecidos. Josh Rouse turista.

Link: Josh Rouse - El Turista (2010)  (esse link foi censurado pelo copyright da vida, clique aqui e pegue o seu)
  1. "Bienvenido"
  2. "Duerme" (Bola De Nieve, Rouse)
  3. "Lemon Tree"
  4. "Sweet Elaine"
  5. "Mesie Julian" (Bola De Nieve, Rouse)
  6. "I Will Live On Islands"
  7. "Valencia"
  8. "Cotton Eye Joe" (Rouse, Traditional)
  9. "Las Voces"
  10. "Don't Act Tough"